Combate às doenças negligenciadas e malária

Um consórcio internacional voltado ao desenvolvimento de novos medicamentos para doenças negligenciadas e para a malária está sendo formado pela FAPESP, em parceria com a USP e Unicamp, e as organizações sem fins lucrativos Iniciativa Medicamentos para Doenças Negligenciadas (DNDi) e Medicines for Malaria Venture (MMV).

O objetivo geral do consórcio é identificar candidatos pré-clínicos com chances de se tornarem novos compostos para o tratamento da leishmaniose visceral, doença de Chagas e malária.

Apoiada no âmbito do Programa de Apoio à Pesquisa em Parceria para Inovação Tecnológica (PITE), da FAPESP, esta parceria envolve o intenso trabalho desenvolvido pelo Centro de Pesquisa e Inovação em Biodiversidade e Fármacos (CIBFar), um CEPID da FAPESP sediado no nosso Instituto, uma iniciativa que congrega projetos de pesquisa colaborativos, envolvendo o Laboratório de Química Medicinal e Computacional (LQMC) e Laboratório de Biofísica Molecular (IFSC/USP), o Núcleo de Bioensaios, Biossíntese e Ecofisiologia de Produtos Naturais (NUBBE/IQ-UNESP), os Laboratórios de Síntese Orgânica (IQ/UNICAMP), os Laboratórios de Produtos Naturais e Síntese Orgânica (DQ/UFSCar) e o Laboratório de Produtos Naturais (FCFRP/USP). Com esta parceria, que irá contar com mais recursos para pesquisas, o CIBFar poderá contar com a contratação futura de mais pós-docs e a aquisição de mais materiais de consumo, tudo no sentido de levar adiante todo o trabalho até agora desenvolvido pelos grupos de pesquisa liderados pelos Profs. Glaucius Oliva, Adriano Andricopulo e Rafael Guido.

Este consórcio internacional irá contar com um investimento global de R$ 43,5 milhões, pelo prazo de cinco anos, sendo que a FAPESP fará um aporte de R$ 7,8 milhões. Outros R$ 12,8 milhões serão investidos por DNDi e MMV. Unicamp e USP irão contribuir com R$ 22,9 milhões, particularmente em infraestrutura de pesquisa e custos de pessoal. O acordo será assinado no dia 28 deste mês, na sede da FAPESP.

No projeto feito em parceria com a MMV, o foco será identificar uma nova molécula para o tratamento da malária que possa matar rapidamente o parasita, evitando o desenvolvimento de resistência ao medicamento. Idealmente, a nova molécula deve ter o potencial quimioproteção em dose única, o que ajudaria a eliminar a malária em países como o Brasil e, eventualmente, em todo o mundo.

Já no projeto com a DNDi o objetivo é entregar um composto para o tratamento da doença de Chagas e leishmaniose pronto para desenvolvimento clínico. Busca-se, assim, seguir os perfis de produtos-alvo desenvolvidos pela DNDi e seus parceiros para garantir a entrega de um composto que satisfaça as necessidades dos pacientes.

“A colaboração da Unicamp e USP com MMV e DNDi, ao mesmo tempo em que traz para São Paulo o desafio de pesquisa de descoberta de moléculas que sejam boas candidatas clínicas no combate a doenças negligenciadas e à malária, também abre o acesso ao acervo das organizações parceiras e a sua experiência na análise de tais moléculas. Dessa forma, une pesquisa na fronteira do conhecimento e conectada a aplicações de enorme relevância social com formação de pesquisadores, importantes objetivos para o Estado de São Paulo”, salientou Carlos Henrique de Brito Cruz, diretor científico da FAPESP.

As doenças negligenciadas e a malária afetam bilhões de pessoas ao redor do mundo, principalmente em áreas de extrema vulnerabilidade. Os poucos medicamentos que existem para tratá-las são caros, têm pouca eficácia ou têm efeitos colaterais indesejáveis. A ideia do projeto é, portanto, estimular o desenvolvimento de capacidades para a pesquisa de novos fármacos no Brasil por meio do intercâmbio das melhores práticas de conhecimento.

“A MMV está comprometida em descobrir os medicamentos que permitirão aos países endêmicos da malária, como o Brasil, eliminar a doença de dentro de suas fronteiras e apoiar a erradicação global”, disse Timothy Wells, diretor científico da entidade. “Estamos muito satisfeitos em poder contar com os conhecimentos especializados de cientistas brasileiros da Unicamp e da USP e combiná-los com a experiência da MMV em malária para desenvolver medicamentos antimaláricos para a população do Brasil e de outros países.”

“O grande diferencial deste consórcio é a criação de uma rede internacional, multidisciplinar, autossustentável e pensada a partir das necessidades das populações dos países endêmicos. Trata-se de um esforço conjunto pelo mesmo propósito: obter tratamentos seguros e eficazes para a doença de Chagas, leishmaniose e malária”, explicou Jadel Müller Kratz, gerente de Pesquisa & Desenvolvimento da DNDi.

A parceria também apoiará o treinamento de gerações futuras de especialistas em tratamento de doenças negligenciadas na Unicamp e na USP, ao mesmo tempo em que trará novas oportunidades de trabalho e investimentos em infraestrutura nessas instituições.

Luiz Carlos Dias, professor do Instituto de Química da Unicamp, é responsável pela coordenação geral do projeto. “O consórcio vai ultrapassar fronteiras internacionais e levar à consolidação de um modelo de parceria global que contribui com a inovação, o avanço do conhecimento na área de descoberta de novos medicamentos para doenças parasitárias tropicais, a aceleração dos cronogramas de pesquisa e o compartilhamento de dados”, disse.

(Com informações da Agência FAPESP)

Por Assessoria de Comunicação – IFSC/USP

VEJA TAMBÉM ...