Parque linear pretende revitalizar a região do Kartódromo

Os parques lineares são espaços multifuncionais que acompanham cursos d’água, rodovias ou ferrovias com o intuito de promover atividades culturais, de lazer e convívio social, circulação de pedestres e ciclistas, amenizar altas temperaturas, atenuar cheias e preservar o meio ambiente. Motivados a criar uma solução como essa para valorizar pontos inexplorados no entorno do Rio Monjolinho, na região do Parque do Kartódromo, em São Carlos (SP), membros do Grupo de Trabalho de Planejamento dos Parques Urbanos (GTPU) desenvolveram um projeto paisagístico para apresentar a ideia à população.

O trabalho pretende potencializar ainda mais o local com a criação de ciclovias, praças, locais para caminhada, playgrounds, espaços para apresentações artísticas, campo de futebol, mirante, entre outras ações. “Os caminhos projetados propiciam um passeio agradável sob a sombra das árvores e surgem como uma alternativa interessante na manutenção da saúde física e mental”, explica Luciana Schenk, professora do Instituto de Arquitetura e Urbanismo (IAU) da USP e uma das autoras do trabalho. A docente conta que foram propostos ainda dois decks para que o contato com as águas do Rio seja feito de forma mais próxima, proporcionando uma experiência lúdica e afetiva aos moradores. “A ideia foi conectar os espaços livres, verdes e públicos da região de tal forma que eles pudessem assumir importante papel na infraestrutura e no lazer do município”, completa Shenk, que também é uma das coordenadoras do GTPU.

Para que o local seja bem aproveitado pela sociedade, o planejamento deve ser feito levando em consideração aspectos paisagísticos, estéticos e de infraestrutura, com soluções capazes de reter água da chuva, evitando as cheias que geralmente ocorrem na região. Segundo a professora Renata Peres do Departamento de Ciências Ambientais da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), que também é autora do projeto, os parques influenciam diretamente no bem-estar das pessoas: “Pesquisas recentes demonstram que o aumento de parques lineares e espaços verdes nas cidades pode acarretar reflexos significativos na saúde da população, como a redução da obesidade, de riscos de infarto e de doenças psicológicas”, afirma a docente, que coordena o GTPU em conjunto com Schenk.

O Kartódromo se transformou em um dos poucos espaços públicos da cidade com grande uso pela população, recebendo manutenção e ações culturais ligadas principalmente ao lazer, saúde e esporte. As pesquisadoras, no entanto, afirmam que São Carlos possui um sistema de espaços livres e parques urbanos fragmentado e pouco qualificado, fazendo com que os habitantes tenham pouco acesso a ambientes agradáveis e acolhedores. Entre as principais razões para o cenário está a degradação de alguns espaços, motivados por questões culturais, de gestão, ausência de atrativos e conectividade com seu entorno. Todos esses pontos geram insegurança urbana, muito relacionada à falta de uso. “De modo geral, locais frequentados são percebidos pela população como ambientes mais seguros”, diz Peres.

O projeto do Parque Linear já foi apresentado à Prefeitura de São Carlos, que se mostrou interessada em executá-lo. Segundo as docentes, o objetivo é que ele seja implementado em etapas, utilizando diversas fontes de financiamento, como recursos municipais, contrapartidas de empreendimentos que podem se instalar na região e fundos públicos. Ainda não há uma previsão de quando o projeto executivo será desenvolvido para que a construção do parque possa ser iniciada, mas os trabalhos estão sendo articulados por meio de discussões entre o GTPU e as Secretarias Municipais de Meio Ambiente, Ciência, Tecnologia e Inovação; Habitação e Desenvolvimento Urbano e Obras Públicas.

A população de São Carlos também pôde conhecer o projeto desenvolvido durante o VI Seminário Veredas, realizado em novembro, no SESC. A iniciativa foi organizada pela ONG Veredas, que também colabora no GTPU, e tem como missão a preservação da Bacia Hidrográfica do Córrego Santa Maria do Leme, região da cidade onde os córregos ainda estão parcialmente preservados, contando com a presença de matas ciliares e importantes fragmentos de vegetação nativa. Fundada em 2010, a ONG tem atuado ao longo dos anos em parceria com as universidades para realizar apresentações públicas e promover debates sobre os trabalhos desenvolvidos, oferecendo conhecimento crítico e formação socioambiental a todos os cidadãos com o uso de uma linguagem acessível. Desde 2014 as professoras dedicam parte de suas pesquisas de extensão a essa parceria que envolve a participação de alunos de graduação em iniciações científicas, bem como pesquisadores de mestrado e doutorado.

“Acreditamos em uma forma de ocupação que possa conciliar o crescimento da cidade com a preservação dos rios, das áreas verdes e de toda a biodiversidade presente nas paisagens urbanas, periurbanas e rurais”, ressalta Peres. A interação entre sociedade civil, poder público e as universidades é fundamental para enriquecer e fortalecer esse nobre desafio. “É uma oportunidade de elaborarmos alternativas que fomentem a vida em suas mais diversas formas”, finaliza Schenk.

Sobre o GTPU: Criado em 2017, o GTPU tem como objetivo promover ações, projetos e avanços metodológicos que contribuam para a resolução de problemas locais em parceria com as políticas públicas. Para isso, reúne pessoas de diversas áreas do conhecimento que atuam no planejamento urbano, da paisagem e dos espaços livres da cidade, propondo abordagens preventivas e participativas.

O Grupo conta com a participação de docentes, pesquisadores da Embrapa, técnicos das Secretarias Municipais de Meio Ambiente, Ciência, Tecnologia e Inovação; Habitação e Desenvolvimento Urbano, Transporte e Trânsito, membros da PROHAB, representantes de ongs locais, movimentos de cicloativismo, alunos de graduação e pós-graduação e interessados em geral. Quem quiser participar do Grupo pode entrar em contato com as professoras Luciana Schenk e Renata Peres.

Mais informações:
Assessoria de Comunicação do IAU/USP
Telefone: (16) 3373-8773
E-mail: comunicacao@iau.usp.br
Contato das professoras:
Luciana Schenk: lucianas@sc.usp.br
Renata Peres: renataperes@ufscar.br

Texto: Henrique Fontes – Assessoria de Comunicação do IAU/USP
Imagens:
Foto das professoras – Henrique Fontes/IAU
Fotos do projeto e do GTPU – Divulgação/GTPU

VEJA TAMBÉM ...