Em 30 anos, USP duplica o número de alunos na graduação

Crescimento de 31 para 59 mil estudantes foi acompanhado por ampliação de vagas e cursos, além da adoção de cotas sociais e investimento em permanência estudantil

Está no artigo 2º do decreto de criação da USP, em 1934, como um dos fins da Universidade: a formação de pessoas aptas ao exercício da investigação filosófica, científica, artística, literária e desportiva, bem como ao do magistério e de atividades profissionais. Junto com a pesquisa, extensão e pós-graduação, o oferecimento de cursos gratuitos de nível superior é um dos pilares da Universidade. E tem contribuído para formar profissionais em todas as áreas do conhecimento. Somente de 1989 a 2019, a USP praticamente dobrou a quantidade de vagas e cursos de graduação disponíveis, além de alunos matriculados. Há trinta anos, eram 31,8 mil estudantes; no ano passado, o número chegou a 59 mil. O crescimento foi acompanhado por mais vagas, de 6,7 para 11,1 mil, e mais opções de cursos, de 126 para 340.

icone_universidade_USPÉ o que mostra o Anuário Estatístico da USP 2020, publicado pelo Escritório de Gestão de Indicadores de Desempenho Acadêmico (Egida), que traz informações sobre a Universidade a partir de dados compilados no ano passado. Nesta reportagem, o Jornal da USP traz um perfil da graduação da Universidade baseado nos dados do anuário.

Em um universo de cerca de 210 mil pessoas que compõem a comunidade USP, os estudantes de graduação representam quase a metade. Há ainda alunos de pós-graduação, professores, pesquisadores, funcionários, estudantes de ensino fundamental, médio e técnico. Apesar de ser uma universidade, a USP mantém um colégio técnico em Lorena, que oferece ensino médio e curso técnico; uma escola de arte dramática, em São Paulo, com curso técnico para formação de atores; e uma escola de aplicação com ensino fundamental e médio, em São Paulo. Por isso a presença de alunos de outros níveis de ensino.

Mais do que ampliar sua capacidade de formar novos profissionais, a Universidade atuou para modificar o perfil de seus alunos. Em 2016, aderiu ao Sistema de Seleção Unificada (Sisu) do Ministério da Educação, no qual instituições públicas oferecem vagas para candidatos participantes do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem). Os estudantes com melhor classificação são selecionados, de acordo com suas notas no exame. Parte dessas vagas é reservada a estudantes de escolas públicas e alunos do ensino público autodeclarados pretos, pardos ou indígenas (PPIs).

icone_igualdade_racialDesde então, a USP passou a contar com duas formas de ingresso: Sisu e vestibular, que é organizado pela Fuvest. Em 2017, as cotas sociais e raciais passaram a fazer parte da política institucional da USP e com metas: ter metade dos seus alunos ingressantes vindos de escolas públicas e 37% de PPIs até 2021. A meta já foi quase batida um ano antes: no ingresso de 2020, 47,8% vieram de escola pública e 44,1% eram PPIs.

Mais alunos de escolas públicas vêm sendo acompanhados de mais investimento em permanência estudantil. Hoje, a Universidade oferece auxílio-alimentação, auxílio-moradia, vagas em moradias em espaços da USP, auxílio-transporte, auxílio-livros e bolsas de estudo baseados em critérios socioeconômicos. Considerando todos os estudantes, a Universidade ainda fornece subsídio alimentação, monitorias e estágios, atendimento de saúde e educação física e esporte.


 

Gênero dos estudantes

Criado na década de 1980, o Anuário Estatístico mantém um padrão de dados para permitir o acompanhamento da evolução da Universidade ao longo dos anos. Por isso, dentro da pesquisa de gênero há apenas as opções masculino e feminino.

icone_generoOs dados do ano passado revelam que a presença de homens ainda domina o ambiente universitário, principalmente em unidades nas quais são oferecidos cursos ligados à engenharia, ciências matemáticas e física. Na Escola Politécnica, em São Paulo, são 983 alunas, já os matriculados homens chegam a 4.263. O mesmo ocorre na Engenharia de São Carlos, são 548 mulheres e 2.158 homens.

A proporção alta do público feminino está mais presente em cursos ligados à área de saúde, como o da Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto: são 495 mulheres e 81 homens. A situação é parecida na Faculdade de Educação, em São Paulo, 761 mulheres e 185 homens.


 

Onde estão os alunos da USP?

A Universidade mantém hoje campi nas cidades de São Paulo, Ribeirão Preto, São Carlos, Piracicaba, Pirassununga, Bauru, Lorena e Santos. É nesses espaços que ocorrem as aulas de graduação e as atividades da USP. Ao participar do Sisu ou do vestibular, o estudante deve escolher um curso e verificar a cidade onde ele será oferecido.

Algumas graduações possuem opções em diferentes campi, mas é importante lembrar que o enfoque do curso não é igual. Um exemplo é o curso de Matemática Aplicada. Tem a opção em São Paulo em matemática aplicada apenas ou foco em computacional; em Ribeirão Preto, voltada a negócios; e em São Carlos, direcionada à computação científica.

A maior parte dos 340 cursos de graduação se concentra na cidade de São Paulo e, consequentemente, os 59.057 estudantes. A unidade da USP que mais possui alunos matriculados é a Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH): 8.432. Escola Politécnica, 5.037, ambas em São Paulo.

Os cursos mais concorridos na Fuvest

Anualmente, a USP realiza seu vestibular que é organizado por um fundação da Universidade: a Fuvest. Parte das vagas é oferecida via esse sistema de seleção. Ele é um dos mais concorridos do País. No vestibular realizado no ano passado para o ingresso em 2020, foram 117.021 inscritos, mais 12.129 treineiros. A maior parte dos inscritos são mulheres (56,07%).

Entre os cursos mais concorridos do processo de seleção, a liderança é da Medicina, em São Paulo. Cada vaga tem uma concorrência média de 129 pessoas.

RELAÇÃO NÚMERO DE CANDIDATOS POR VAGA NO VESTIBULAR 2020

Carreira Candidato/vaga
Medicina – São Paulo 129,5
Medicina – Bauru 124,2
Medicina – Ribeirão Preto 89,0
Psicologia – São Paulo 73,7
Relações Internacionais – São Paulo 58,6
Curso Superior do Audiovisual 46,9
Psicologia – Ribeirão Preto 43,2
Medicina Veterinária – São Paulo 42,9
Ciências Biomédicas – São Paulo 37,2
Design – São Paulo 32,4
Publicidade e Propaganda – São Paulo 31,2
Fisioterapia – São Paulo 31,2
Arquitetura – São Paulo 25,9
Jornalismo 29,1
Artes Visuais 26,6

 

Perfil dos candidatos inscritos x perfil dos candidatos aprovados via Fuvest 2020 de acordo com a área do conhecimento




 

A Universidade e o mundo

icone_intercambioEm 2019, 1.193 estudantes estrangeiros escolheram a USP para complementar os seus estudos universitários. A maior parte são mulheres (652) e o país de origem predominante foi a França (219). As unidades que eles mais buscaram foram a Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (145) e a Faculdade de Medicina (138), em São Paulo.

Já a Universidade encaminhou 2.190 alunos para realizar parte de seus estudos em universidades estrangeiras e o país mais escolhido foi a França.

OS 5 PAÍSES QUE MAIS ENVIARAM ESTUDANTES UNIVERSITÁRIOS À USP

País de origem Número de estudantes
França 219
Peru 154
Colômbia 115
Alemanha 86
México 81

OS 5 PAÍSES QUE MAIS RECEBERAM ESTUDANTES DA USP

País Número de estudantes
França 552
Portugal 283
Alemanha 278
Itália 259
Espanha 153

Para conferir todos os dados disponibilizados no Anuário Estatístico USP 2020, acesse uspdigital.usp.br/anuario/AnuarioControle# 

Por Hérika Dias – Jornal da USP

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