“Nossa gestão visa à criação de políticas internas que possam ser modelos para a sociedade”, afirma novo reitor

Conselho Universitário, em sessão solene realizada no dia 26 de janeiro, empossou o novo reitor e a nova vice-reitora da USP, Carlos Gilberto Carlotti Junior e Maria Arminda do Nascimento Arruda

O reitor Carlos Gilberto Carlotti Junior e a vice-reitora Maria Arminda do Nascimento Arruda – Foto: Cecília Bastos/USP Imagens

O novo reitor e a nova vice-reitora da USP, Carlos Gilberto Carlotti Junior e Maria Arminda do Nascimento Arruda, tomaram posse no dia 26 de janeiro, em sessão solene do Conselho Universitário, realizada no Palácio dos Bandeirantes, sede do Governo de São Paulo. Devido às limitações impostas pelo avanço da pandemia e da gripe no Estado, o evento foi restrito aos membros do Conselho, dirigentes da Universidade e autoridades do Governo.

A cerimônia teve início com a entrada dos membros do Conselho Universitário conduzindo os novos reitor e vice-reitora, ao som de La Primavera, de Vivaldi, executada pela Orquestra Sinfônica da USP (Osusp), sob a regência do spalla Claudio Micheletti. Após a abertura dos trabalhos pelo governador de São Paulo, João Doria, a Osusp apresentou o Hino Nacional Brasileiro.

Em seguida, Carlotti e Maria Arminda leram os termos de compromisso e assinaram os termos de posse. Conforme estabelece o protocolo do cerimonial acadêmico, a etapa seguinte da sessão solene foi a transmissão das vestes talares.

Após a abertura dos trabalhos pelo governador de São Paulo, João Doria, a Osusp apresentou o Hino Nacional Brasileiro – Foto: Cecília Bastos/USP Imagens

A saudação em nome do Conselho Universitário aos novos dirigentes foi feita pelo diretor da Faculdade de Direito (FD), Floriano Peixoto de Azevedo Marques Neto, que falou sobre o papel fundamental das universidades públicas no enfrentamento da pandemia da covid-19 e do negacionismo à ciência e dos desafios dos novos gestores, como a retenção de quadros, as políticas de remuneração e a ampliação e a consolidação dos mecanismos de inclusão social.

“Políticas de inclusão não são filantropia. São instrumentos efetivos para retirar barreiras artificiais e permitir que jovens talentosos acessem, por seus méritos, as melhores universidades e, assim, desenvolvam todo o seu potencial. A diversidade é o ambiente fértil para a produção do conhecimento. Esses jovens, vindos de famílias pobres, da escola pública, periféricas, pretos, pardos e indígenas, serão em breve nossos doutores, pesquisadores, docentes, líderes de suas áreas de atuação. Essas políticas, porém, trazem desafios. Temos que seguir nos adaptando, viabilizando a permanência estudantil, bolsas de pesquisa. A diversidade também passa pelo aprofundamento das políticas de gênero”, afirmou o conselheiro.

Construir soluções

Em seu discurso, o novo reitor destacou que “no mundo atual, o saber e a ciência representam a principal riqueza de uma nação. É urgente a valorização e recuperação orçamentária de tradicionais agências nacionais, como a Capes, CNPq e Finep, para que possam implantar de forma estável políticas plurianuais de apoio à cultura, ciência e tecnologia. Certamente essas agências sempre contarão com o apoio da USP para suas reinvindicações junto aos órgãos superiores e ao Poder Legislativo. Não podemos pactuar com a migração de talentos e a fuga de cérebros, comprometendo os dias vindouros. Precisamos de políticas sólidas voltadas à atração e retenção de talentos, inteligências das quais não podemos prescindir”.

Foi somente o conhecimento científico que pôde nos oferecer ferramentas para enfrentar a crise sanitária mundial. A política de saúde definida por São Paulo teve o condão de liderar as ações de preservação e de respeito às vidas humanas, tornando-se modelo inescapável para o País, a despeito de alguns dirigentes manifestarem desamor em relação à ciência, ao conhecimento e à pesquisa”.

Segundo Carlotti, a gestão terá como base quatro princípios fundamentais: manter canais permanentes de diálogo com a comunidade universitária, exercer liderança acadêmica de forma articulada com diferentes setores da sociedade; buscar criatividade e efetividade para construir soluções, valorizando as atividades-fim da Universidade; e valorizar as carreiras docentes e funcionais, com preocupação especial com os jovens docentes.

“No mundo atual, o saber e a ciência representam a principal riqueza de uma nação”, afirmou o reitor – Foto: Marcos Santos/USP Imagens

“Nosso compromisso nesta gestão será altamente inovador, através da proposição de uma Pró-Reitoria para coordenar, centralizar e apoiar políticas transversais na Universidade para os alunos, docentes e servidores que tratem da permanência estudantil, saúde integral e políticas inclusivas sociais, étnico-raciais e de gênero. A sociedade brasileira enfrenta os mais diversos desafios no setor das políticas sociais, étnico-raciais e de gênero. Promoveremos ativamente os valores da diversidade e do pertenciamento à Universidade. A nossa gestão visa à criação de políticas internas à Universidade que possam, além de mitigar esses fatores, ser modelos para a sociedade”, ressaltou Carlotti. Clique aqui e leia o discurso em sua íntegra.

A secretária estadual de Desenvolvimento Econômico, Patrícia Ellen da Silva, fez menção ao aumento do orçamento das universidades públicas paulistas em 2022. O orçamento da USP para este ano é da ordem de R$ 7,5 bilhões. Desse montante, R$ 7,1 bilhões referem-se aos repasses do governo estadual (valor 22,2% maior do que o do ano passado); e R$ 386,4 milhões são referentes a recursos de receitas próprias. A USP recebe a cota-parte de 5,02% da arrecadação do ICMS estadual.

“A USP é motivo de orgulho, um exemplo do protagonismo do Estado de São Paulo nestes tempos sombrios. Temos, em 2022, o maior orçamento estadual para ciência e tecnologia da história, porém nossa responsabilidade aumentou por causa dos cortes de recursos do governo federal”, explicou Patrícia Ellen.

O governador João Doria também falou sobre o incremento à pesquisa e à ciência dado pelo Governo de São Paulo nos últimos anos e fez dois pedidos aos novos dirigentes. “Teremos um ano muito difícil pela frente. Peço a vocês que sejam ousados, aproveitem a oportunidade de estar em um Estado que acredita na ciência para fazer mais, para ir além. Também peço para que defendam a ciência, a liberdade e a democracia. Nada é mais importante para uma nação que a liberdade, tanto individual quanto coletiva, e nossa liberdade está sendo ameaçada, assim como a democracia”, concluiu o governador.

O encerramento da cerimônia contou com a apresentação da Osusp, que executou as obras Mourão, de César Guerra-Peixe, e Dança Brasileira, de Camargo Guarnieri.

A cerimônia teve início com a entrada dos membros do Conselho Universitário conduzindo os novos reitor e vice-reitora, ao som de La Primavera, de Vivaldi, executada pela Orquestra Sinfônica da USP (Osusp) – Foto: Marcos Santos/USP Imagens

Quem são

O novo reitor da USP, Carlos Gilberto Carlotti Junior, é médico pela Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto (FMRP), com premiação de destaque no curso clínico. É neurocirurgião, formado pelo Hospital das Clínicas da FMRP (HCRP), e especialista pela Sociedade Brasileira de Neurocirurgia. É mestre e doutor pela FMRP e professor titular do Departamento de Cirurgia e Anatomia da faculdade. Foi diretor clínico do HCRP, diretor da FMRP e presidente da Fundação de Pesquisas Médicas de Ribeirão Preto. É o pró-reitor de Pós-Graduação da USP, cargo que ocupa desde 2016.

Maria Arminda do Nascimento Arruda, a nova vice-reitora, é graduada em Ciências Sociais, mestre, doutora e livre-docente em Sociologia, todos pela USP. É professora titular de Sociologia na Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH), onde foi diretora entre 2016 e 2020. Foi pesquisadora sênior do Instituto de Estudos Sociais e Políticos de São Paulo, pró-reitora de Cultura e Extensão Universitária da USP no período de 2010 a 2015 e representante da Área de Sociologia junto à Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) e da área de Ciências Humanas no Conselho Técnico-Científico da instituição. Atualmente é coordenadora do Escritório USP Mulheres.

Os novos reitor e vice-reitora da USP terão mandato de quatro anos. Esta será a 29ª gestão reitoral na história da Universidade, fundada em 1934. O primeiro reitor da USP foi o professor da Faculdade de Direito (FD), Reynaldo Porchat, e o primeiro vice-reitor, o docente da Faculdade de Medicina (FM), Antonio de Almeida Prado.

Assista, a seguir, à íntegra da cerimônia.

https://youtu.be/KW4RiHanO-Y

 

Por Adriana Cruz e Erika Yamamoto – Jornal da USP

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