Novo tratamento na USP de São Carlos combate dores provocadas por artrite psoriásica

Você já ouviu falar de “artrite psoriásica”?

Tratamento sistêmico

Muito bem, caso não tenha ouvido falar, a artrite psoriásica (APs) é uma forma de artrite que afeta pessoas que possuem psoríase. A psoríase caracteriza-se pelo aparecimento de lesões avermelhadas, escamosas, que acometem principalmente joelhos, cotovelos e couro cabeludo, sendo que a grande maioria das pessoas desenvolve psoríase primeiro e depois a artrite. Segundo uma importante cartilha divulgada pela Sociedade Brasileira de Reumatologia (VER AQUI), entre 5% e 40% das pessoas que tem psoríase podem apresentar dores e inflamação nas articulações, desenvolvendo assim um quadro de artrite psoriásica.

Dentro desta realidade, pesquisadores do Grupo de Óptica do Instituto de Física de São Carlos (IFSC/USP), Clínica MultFISIO Brazil, Universidade Federal de São Carlos (UFSCar) e Hagler Institute for Advanced Study (Universidade A&M do Texas Texas -EUA), iniciaram, recentemente, uma pesquisa que visa proporcionar um novo tratamento para a diminuição das dores provocadas pela artrite psoriática através da utilização de ultrassom e laser, explorando assim a versatilidade apresentada pelo equipamento desenvolvido no IFSC/USP e que tem aberto sucessivas portas para novos e inovadores tratamentos fisioterápicos.

O Dr. Antonio Eduardo de Aquino Júnior, um dos autores da pesquisa publicada neste mês de março no “Journal of Novel Physiotherapies”, relata o estudo sobre o novo tratamento aplicado a uma paciente com 51 anos de idade, residente na cidade de São Carlos, portadora de psoríase há 16 anos e que entre 2018 e 2019 começou a manifestar um quadro (diagnosticado) de artrite psoriásica.

Dr. Antonio Eduardo de Aquino Junior

“A psoríase é uma doença que tem, também, uma relação direta e muito próxima com o foro emocional das pessoas, sendo que a possibilidade de um paciente manifestar um quadro de artrite psoriásica ronda entre os 30% e os 40%. A doença já tem na sua essência uma condição inflamatória (crônica) e que não fica localizada. Ao longo do tempo são formadas citocinas inflamatórias – marcadores inflamatórios – que podem provocar outro quadro inflamatório nas articulações, o que provoca as mesmas características de dores, que são muito semelhantes às da artrite reumatoide”, salienta o pesquisador. A paciente, que se disponibilizou para realizar esta pesquisa, apresentava, além desse quadro, um outro caracterizado por fibromialgia: tudo somado, seu estado comprometia o equilíbrio emocional, principalmente manifestado por depressão, ansiedade e insônias, embora estivesse amplamente medicada.

Com dores generalizadas pelo corpo, a paciente foi submetida a 14 sessões de tratamento – conforme está relatado no artigo científico publicado – tendo os pesquisadores conseguido reduzir em 75% as dores causadas pela artrite psoriásica e em 60% as dores provocadas pela fibromialgia. Em termos de dores generalizadas no corpo e na restauração da qualidade de vida da paciente, foram registradas melhoras em 60%. O pesquisador comemora, dizendo que “Conseguimos um ganho imenso. A paciente, que é artesã, voltou a trabalhar sem sentir a intensidade das dores que anteriormente sentia nas mãos e em todo o corpo, tendo recuperado muito de sua qualidade de vida”. Para o Dr. Antonio de Aquino Junior, esta pesquisa indica que o tratamento poderá ser igualmente utilizado em casos de dores provocadas pela artrite reumatoide, mas sempre mantendo os medicamentos prescritos pelos médicos. Estudos já estão sendo desenvolvidos nesse sentido. A paciente relatada nesta matéria continua a ser acompanhada pelos pesquisadores do IFSC/USP através de sessões periódicas, no sentido de se poder observar a evolução da recuperação de sua qualidade de vida e a diminuição das dores.

Este tratamento, executado de forma sistêmica na palma das mãos e na planta dos pés, representa uma evolução significativa comparativamente aos que foram realizados anteriormente em 2018.

Os pesquisadores envolvidos neste projeto, foram: Ana Carolina Negraes Canelada; Vanessa Garcia; Tiago Zuccolotto Rodrigues; Viviane Beocca de Souza; Vitor Hugo Panhóca; Antonio Eduardo de Aquino Junior; e Prof. Vanderlei Salvador Bagnato (Coordenador).

Para conferir o artigo publicado, clique AQUI.

Por Rui Sintra – Assessoria de Comunicação – IFSC/USP

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