USP lança programa de doação de bolsas para alunos com necessidades socioeconômicas

O USP Diversa quer angariar doações de empresas, que assumam o compromisso de oferecer apoio para o período completo da graduação, e de pessoas físicas, que poderão escolher apoiar de forma recorrente ou única

O lançamento do projeto fez parte das atividades do programa USP Pensa Brasil – Foto: Marcos Santos / USP Imagens

A USP lançou, no dia 31 de agosto, um programa de doação para pessoas físicas e jurídicas que tenham interesse em financiar bolsas para estudantes de graduação em situação de vulnerabilidade socioeconômica, o USP Diversa.

No caso de empresas, a Universidade quer estimular a adesão de interessados que assumam o compromisso de oferecer esse apoio para o período completo da graduação a um número previamente definido de estudantes. As pessoas físicas poderão escolher apoiar de forma recorrente ou única e determinarão previamente o período de sua participação.

Empresas como Itaú, Santander, Deutsche Bank e Dow Química já aderiram ao programa. O Fundo Patrimonial da USP concederá dez bolsas, totalizando, nesta primeira etapa, o oferecimento de mais de 270 auxílios, no valor de R$ 800 mensais. O investimento total está estimado em R$ 10 milhões.

“É importante que este apoio represente percepção de acolhimento pelo aluno e aumente a sensação de pertencimento à Universidade. A relação com atores sociais externos à Universidade, participantes do programa, poderá colaborar com a formação de uma rede de relacionamentos pessoais pelos alunos e facilitar sua vida profissional futura. Maior diversidade não é uma decisão exclusiva da Universidade, mas sim de toda a sociedade. Por exemplo, as empresas atualmente também estão buscando maior diversidade, seguindo as práticas ESG, que garantem maiores compromissos ambientais, sociais e de governança”, destacou o reitor da USP, Carlos Gilberto Carlotti Junior.

As empresas poderão definir o critério de concessão de bolsas a partir da priorização feita pela Universidade: pretos, pardos e indígenas (PPI); pertencentes à comunidade LGBTQIA+; deficientes físicos; exilados; com a guarda de filho, em idade de creche escolar (entre zero e três anos). Outros segmentos de minorias poderão ser atendidos a partir da definição do Comitê Gestor do programa. O mesmo vale para os doadores pessoas físicas, que poderão optar por direcionar seus recursos para algum grupo específico, sempre respeitando o critério da condição de vulnerabilidade econômica e social.

A quantidade de bolsas será definida a cada ano de acordo com o montante disponível e deverá ser aberto um edital para a seleção dos contemplados. O cadastro e a seleção dos estudantes ficarão a cargo da Pró-Reitoria de Inclusão e Pertencimento da Universidade.

“A inclusão e a diversidade integram e amplificam a excelência acadêmica que caracteriza a USP em todas as áreas do saber e campos profissionais. Hoje, temos, na Universidade, 50% de alunos ingressantes oriundos de escolas públicas e, desses, 29,7% com renda familiar entre um e três salários mínimos e 22,7% integrantes do grupo PPI”, disse a pró-reitora de Inclusão e Pertencimento, Ana Lúcia Duarte Lanna.

A pró-reitora ressaltou que a USP mantém um programa de auxílio destinado à permanência estudantil, mantido com orçamento próprio, que oferece bolsas e auxílios aos estudantes com necessidades socioeconômicas, que atendem, atualmente, mais de 14 mil alunos, dos quais 77% são os primeiros da família a ingressarem em uma universidade pública. Do total de estudantes da USP, essa porcentagem referente a primeiros ingressantes é de 42%. “Isso mostra a importância desses auxílios de permanência e como conseguimos recortar um público que realmente vem de uma situação, ou de um plural de situações, bastante difíceis e adversas para o enfrentamento dos enormes desafios e novidades que significam a vida universitária”, considerou.

A cerimônia contou com a presença de dirigentes da Universidade e representantes de empresas – Fonte: Marcos Santos / USP Imagens

Desempenho

O aluno contemplado com a bolsa do USP Diversa deverá cumprir algumas metas de desempenho, dentre elas manter-se matriculado em número mínimo de disciplinas; comprovar frequência mínima e ser aprovado em número estipulado de créditos ao ano.

Os resultados do programa serão monitorados e analisados para verificar o impacto sobre a permanência e desempenho acadêmico dos grupos de estudantes atendidos.

“A ampliação das ações de inclusão é uma das metas da nossa gestão à frente da Reitoria. Com mais alunos oriundos de escolas públicas e pretos, pardos e indígenas na Universidade, devemos dar a eles todas as condições de permanecer no curso até sua conclusão e usufruir de todas as atividades acadêmicas que contribuam para sua formação profissional.  O programa USP Diversa busca preencher essa lacuna, com a possibilidade de pessoas físicas e jurídicas fazerem suas contribuições”, afirma o reitor.

O lançamento do projeto fez parte das atividades do programa USP Pensa Brasil, foi realizado na Sala do Conselho Universitário, no prédio da Reitoria, em São Paulo, e reuniu dirigentes da Universidade, representantes de empresas, além de docentes, alunos e servidores.

Reserva de vagas

A USP adota a reserva de vagas para alunos de escolas públicas e autodeclarados PPI nos cursos de graduação desde o vestibular de 2016, quando o Sisu foi implementado como nova forma de ingresso na Universidade, além da Fuvest. Em 2018, o Conselho Universitário aprovou a reserva de vagas para estudantes oriundos de escolas públicas.

A reserva foi feita de forma escalonada: em 2018, foram reservadas 37% das vagas de cada unidade; no ano de 2019, a reserva foi de 40% das vagas de cada curso de graduação; em 2020, foram reservadas 45% das vagas em cada curso e turno; e, em 2021 e nos anos subsequentes, a reserva é de 50% das vagas em cada curso e turno.

Nessa reserva também incide o porcentual de 37,5% de cotas para estudantes autodeclarados PPI, índice equivalente à proporção desses grupos no Estado de São Paulo verificada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Em 2022, a USP registrou o índice de 50,2% de alunos matriculados oriundos de escolas públicas em seus cursos de graduação e, dentre eles, 36% autodeclarados pretos, pardos e indígenas (PPI). Das 10.901 vagas preenchidas este ano, o que representa 97,8% do total, 5.468 são alunos de escolas públicas e, desses, 1.969 são PPI.

Atualmente, do total de 59.267 alunos de graduação, 20.231 ingressaram em vagas destinadas às políticas de ações afirmativas, o que equivale a 34%.

Por Adriana Cruz – Jornal da USP

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