USP quer atrair aluno de escola pública desde o ensino fundamental

Vem pra USP – Movimento na Rede começou em São Carlos e traz desafios digitais que unem esporte, sociedade e ciência

Arte sobre foto/Freepik

TikTok, Instagram, YouTube. Essas são algumas das principais redes sociais para encontrar e se comunicar com os jovens. E para se aproximar deles e divulgar a Universidade, a USP está lançando o Vem pra USP – Movimento na Rede. A ideia é lançar desafios digitais para estudantes do ensino fundamental ao médio de escolas estaduais paulistas, utilizando o esporte como estímulo e elemento educacional.

O projeto piloto começou em junho em escolas da Diretoria de Ensino da Secretaria da Educação do Estado de São Paulo – Região de São Carlos. Com orientação dos professores, os estudantes criam conteúdos em vídeos e os publicam no TikTok. A proposta é estimular o interesse por métodos de investigação, história, cultura, saúde e outros temas interdisciplinares.

No início do próximo semestre, ele deve ser testado na capital paulista em uma das diretorias de ensino da zona leste.  A expectativa é ampliar o desafio para todo o Estado de São Paulo.

Movimento na Rede é uma iniciativa do CAEG Vem pra USP – Fase 3, que reuniu grupos de diferentes unidades da USP para criar o projeto. Nos Consórcios Acadêmicos para Excelência do Ensino de Graduação (CAEG), a Pró-Reitoria de Graduação da USP estimula a integração de docentes para desenvolver ideias no aperfeiçoamento do ensino.

“O CAEG incentiva a colaboração da comunidade acadêmica da USP para criar projetos ou atividades a partir de experiências inovadoras de ensino. No Vem pra USP – Fase 3, estamos propondo o uso das redes sociais, aliado ao esporte, como estímulo à educação”, conta Renato Freire, professor do Instituto de Química (IQ) da USP e coordenador do projeto CAEG Vem pra USP – Fase 3.

Nesse consórcio, estão envolvidos ainda Ricardo Ricci Uvinha e Edmur Antonio Stoppa, professores da Escola de Artes, Ciências e Humanidades (EACH); Julio Cerca Serrão e Sérgio Roberto Silveira, professores da Escola de Educação Física e Esporte (EEFE); Leandro Ribeiro da Silva e William Ferraz de Santana, mestrandos da EACH; Julia Ávila, mestranda da EEFE; Fillipe Soares Romano, doutorando da EACH; Bruno Manduca e Melina Murgel e Guimarães, doutorandos do IQ; Herbert Alexandre João, do Instituto de Física de São Carlos; e Edmilson Luchesi, da Vice-Reitoria da USP.

Como o projeto é voltado a políticas de inclusão e ingresso na USP, principalmente para alunos do ensino médio da rede pública, a parceria com o programa Vem pra USP! foi natural.

Renato Freire, coordenador do projeto CAEG Vem pra USP, e Antonio Carlos Hernandes, vice-reitor da USP e coordenador do programa Vem pra USP! – Foto: Marcos Santos/USP Imagens

“O foco principal do programa Vem pra USP! é estimular os estudantes ao acesso à universidade pública. Todas as atividades que se realizam e são complementares nessa direção são sempre muito bem-vindas. A participação do Vem pra USP! dentro do consórcio tem exatamente essa função de se aproximar dos alunos”, disse Antonio Carlos Hernandes, vice-reitor da USP e coordenador do programa Vem pra USP!.

Criado em 2017 para valorizar o ensino das escolas públicas paulistas, o Vem pra USP! incentiva o aluno a estudar nos cursos de graduação da USP, além de colaborar com o professor no processo de ensino-aprendizagem. Uma das principais ações é a Competição USP de Conhecimento (CUCo), com provas preparatórias para a universidade. Só no ano passado, 60 mil alunos do ensino médio da rede pública de São Paulo participaram da competição.

“Neste caso do Movimento na Rede, a sugestão foi que iniciássemos também o envolvimento dos alunos do ensino fundamental. A ideia é que, ao fazer a transição do ensino fundamental para o ensino médio, esse aluno começasse a pensar na universidade”, explica Hernandes. Por isso, o Movimento na Rede inclui alunos do sexto ao nono ano do ensino fundamental e da 1ª à 3ª série do ensino médio.

Estudantes em cerimônia do programa Vem pra USP! antes da pandemia – Foto: Cecília Bastos/USP Imagens

Como funciona o Vem pra USP – Movimento na Rede

O projeto piloto começou no dia 18 de junho com participação de 32 escolas estaduais de sete cidades que abrangem a Diretoria de Ensino – Região São Carlos.

Os alunos são divididos em equipes e categorias, de acordo com a série escolar. Eles precisam criar vídeos de até 60 segundos com conteúdos embasados nos temas: Fatos e mitos dos clubes paulistasFutebol, sociedade e cultura e Movimento é vida.

Julio Serrão - Foto: Marcos Santos/USP Imagens

Julio Serrão, integrante do CAEG Vem pra USP – Foto: Marcos Santos/USP Imagens

“O futebol é usado como estímulo central, mas não ficamos restritos a ele. Aproveitamos o futebol para discutir racismo, preconceito de gênero, violência. A ideia é incentivar a interdisciplinaridade para que os professores de ciências, história, geografia e outras áreas possam trabalhar”, explica o professor Julião Serrão, da EEFE da USP e integrante do CAEG Vem pra USP – Fase 3.

O desafio tem três fases de classificação, de acordo com a categoria. Na primeira, participam os alunos do ensino fundamental e médio. Já na segunda e terceira, são apenas aqueles do ensino médio. Os vídeos são publicados em uma conta criada pela escola no TikTok.

Logo do Desafio Movimento na Rede

Há uma comissão avaliadora que julga os conteúdos a partir dos seguintes critérios: criatividade; conteúdo/abordagem do tema; compreensão e características técnicas. Na fase 3, é considerado também o relatório de produção do conteúdo. A comissão atribui uma nota de 0 a 10 pontos, com peso de 70%. Para compor a nota final, entra o engajamento do vídeo, ou seja, visualizações e curtidas, com peso de 30%.

O desafio termina no dia 10 de novembro e as equipes vencedoras recebem prêmios, como camisetas, medalhas, visita ao estádio Cícero Pompeu de Toledo (Morumbi) e participação no Giro Cultural da USP. Professores que orientam as equipes e as escolas também serão premiados.

Hérika Dias – Jornal da USP

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