USP vai sediar instituto de pesquisa para propor ações de combate à fome

Com sede na Faculdade de Saúde Pública da USP, instituto vai contar com 38 pesquisadores de universidades de todo o Brasil e do exterior para trabalhar em pesquisas de excelência para solucionar um dos grandes desafios nacionais

A Faculdade de Saúde Pública (FSP) da USP foi escolhida para coordenar o novo Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia (INCT) Combate à Fome. O instituto é um dos 58 INCTs criados pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) para trabalhar em pesquisas de excelência em áreas estratégicas ou na fronteira do conhecimento, visando a solução dos grandes desafios nacionais. Serão investidos cerca de R$ 324 milhões nos institutos que incluem temas como segurança alimentar, agricultura de baixo carbono, saúde única (one health), desigualdades e violência de gênero, inteligência artificial, nanofármacos, entre outras.

Com a proposta intitulada Combate à Fome: estratégias e políticas públicas para a realização do direito humano à alimentação adequada – Abordagem transdisciplinar de sistemas alimentares com apoio de Inteligência Artificial a FSP contará com 38 pesquisadores de áreas diversas, além de bolsistas de nível superior, de diversas universidades e instituições: Unicamp, Ufscar, Unifesp, UFSJ, UFRGS, UFF, UFG, UFAC e Facamp UFBA, UFS, e Embrapa.

Dirce Marchioni - Foto: Divulgação/FSP USP

Dirce Maria Lobo Marchioni, professora do Departamento de Nutrição da FSP – Foto: Divulgação/FSP USP

Pela USP, participam, além da FSP, pesquisadores da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq), Faculdade de Medicina (FM), Escola Politécnica (Poli), Instituto de Estudos Avançados (IEA), Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH), Faculdade de Zootecnia e Engenharia de Alimentos (FZEA), Instituto de Ciências Matemáticas e de Computação (ICMC), Escola de Comunicações e Artes (ECA), Faculdade de Economia, Administração, Contabilidade e Atuária (FEA) e Escola de Engenharia de São Carlos (EESC). Também participam Universidades estrangeiras, como a University of Saint Joseph (USJ), de Macao na China, a University of Toronto, do Canadá, Newcastle University, da Inglaterra, Universidade de Lisboa e Universidade do Porto, ambas de Portugal.

Segundo a coordenadora Dirce Maria Lobo Marchioni, professora do Departamento de Nutrição da FSP, a fome é um problema complexo que não é natural nem aceitável, com caráter estrutural e multicausal, natureza política e econômica, e impactos sobre a vida social como um todo. “A alimentação adequada é um direito humano, e sua garantia está alinhada aos Objetivos do Desenvolvimento Sustentável da ONU. Porém, há um aumento global da fome e desnutrição, agravadas pela situação pandêmica”, destaca.

Estudos terão eixos interdisciplinares

Na proposta sobre o combate à fome serão desenvolvidos estudos a partir de cinco eixos: Saúde e Nutrição, Políticas Públicas, Cadeia de Valor, Inteligência Artificial e Comunicação. Os objetivos são:

  • conduzir estudos investigando a insegurança alimentar e os desafios e estratégias para atendimento do direito humano à alimentação adequada;
  • identificar os determinantes da produção sustentável de alimentos, a redução dos gargalos ao abastecimento e distribuição de alimentos de qualidade e saudáveis e diminuição das perdas e desperdício de alimentos;
  • investigar os determinantes sociais vinculados aos resultados de políticas públicas de alimentação e nutrição;
  • pesquisar, desenvolver e aplicar ferramentas e técnicas computacionais para coleta, fusão, processamento, armazenamento, análise, extração do conhecimento
  • disseminação de dados e informações sobre fome e insegurança alimentar em ambientes urbanos.

Como inovação, serão construídas ferramentas de análise e visualização modernas, que apoiem o tomador de decisão usando inteligência artificial. Outra inovação é a constituição da Comunicação como um eixo de investigação para a difusão e a divulgação científica, possibilitando a democratização do conhecimento para a melhoria da qualidade de vida das pessoas e a diminuição das desigualdades.

Conforme exige o CNPq, um INCT possui como coordenação uma instituição sede com excelência em produção científica ou tecnológica, alta qualificação na formação de recursos humanos e com capacidade de alavancar recursos de outras fontes, e por um conjunto de laboratórios ou grupos associados de outras instituições, articulados na forma de redes científico-tecnológicas, com uma área ou tema de atuação bem definidos, que estejam na fronteira da ciência ou da tecnologia ou em áreas estratégicas do Plano de Ação em Ciência, Tecnologia & Informação.

Origem em Grupo de Trabalho

Preocupada com o tema da insegurança alimentar, a USP realizou em 2021 um debate público com o seminário Políticas públicas para o combate à fome,  organizado pela Pró-reitoria de Cultura e Extensão Universitária da Universidade.

Como desdobramento, a Reitoria da USP formou o Grupo de Trabalho (GT) Políticas Públicas de Combate à Fome e à Insegurança Alimentar, como uma forma de ajudar a atacar o problema. Assim, formou-se um grupo com expertises diferenciadas, que foi conduzindo trabalhos ao longo de 2021 e 2022. “Quando o CNPq lançou a chamada para novos Institutos Nacionais de Ciência e Tecnologia, viu-se uma oportunidade para esse grupo não só continuar, mas para ter uma atuação mais forte e abrangente”, afirma Dirce.

Os trabalhos do grupo têm sido publicados em uma série de artigos no Jornal da USP, clique nos links e confira:

Próximas publicações:

10/01/2023 – Os desafios das políticas públicas: do planejamento à implementação
17/01/2023 – Fome e produção de alimentos
24/01/2023 – Experiências de campo – Eixo 1
31/01/2023 – Experiências de campo – Eixo 2

Confira mais informações sobre os INCTs neste link.

Texto adaptado da Assessoria de Comunicação da FSP USP

Por Jornal da USP

VEJA TAMBÉM ...