Workshop Redes Temáticas inicia integração entre comunidade científica e gestão pública

Problemas de São Carlos foram discutidos com possibilidades de projetos conjuntos

De um lado, o conhecimento. De outro, possibilidades de ações. Quando falamos em Ciência e Tecnologia, comunidade científica e gestão pública têm muito a compartilhar.

O Workshop Redes Temáticas e Gestão Pública é uma iniciativa inédita e prática que colocou lado a lado, no dia 7 de dezembro, no Instituto de Ciências Matemáticas e de Computação (ICMC/USP), representantes de universidades, centros de pesquisa, instituições e órgãos públicos de São Carlos.

O evento tem o apoio do Centro de Ciências Matemáticas Aplicadas à Indústria (CeMEAI) e do ICMC, com organização do professor sênior José Carlos Maldonado e do atual Secretário Municipal de Desenvolvimento Sustentável, Ciência e Tecnologia José Galizia Tundisi.

Dezesseis das dezoito Secretarias Municipais, além de Coordenadorias, Fundações e Autarquias estavam presentes por meio de seus Secretários ou representantes. A eles, coube apresentar os problemas mais urgentes que podem ter soluções em cooperação com pesquisadores de universidades como a USP e UFSCar, Embrapa e Centros de Pesquisa, Inovação e Difusão (Cepids) sediados em São Carlos.

A professora Maria Cristina de Oliveira, diretora do ICMC, falou sobre a importância deste trabalho integrado. “Já ganhamos muito em abrir este canal de diálogo. Discutiremos aqui como fomentar a colaboração com os problemas da administração pública. Nós do ICMC e do CeMEAI nos voluntariamos para sediar esse encontro que pretende apresentar competências que possam gerar futuras parcerias e projetos conjuntos com o município”, disse.

Para o organizador José Galizia Tundisi, que representou o prefeito Airton Garcia, o maior problema do país e seus municípios está na gestão. “Para resolver é necessário integração maior com o conhecimento que existe nas universidades e institutos de pesquisa. São Carlos tem um vasto conhecimento científico em todas as áreas e esta é a primeira reunião de um amplo projeto que será desenvolvido com bases para o município”.

No meio acadêmico, muitas vezes, a tecnologia procura o problema e a ideia é inverter essa situação com a aplicação de pesquisas que poderão solucionar muito do que foi apresentado pelos secretários.

Mariel Pozzi Olmo, da pasta de Serviços Públicos comentou sobre a dificuldade de gestão e coleta de resíduos sólidos, por exemplo. Para o tema, o CeMEAI já apoia uma tecnologia aplicada no município de Matão, o SISGERES, que poderia ser adaptado e implementado também em São Carlos.

Da Secretaria de Obras Públicas foram compartilhadas necessidades de melhorias em documentação técnica e orçamentária, cálculos, problemas de drenagem, entre outros.

Como trabalhar melhor os acervos do Museu, gerar renda e trabalho para a população, transporte público, trânsito, planejar parques urbanos e espaços públicos permearam as discussões que tiveram também a participação do presidente do Serviço Autônomo de Água e Esgoto (SAAE), Benedito Carlos Marchezin. A autarquia já possui um convênio de eficiência energética com o CeMEAI, coordenado pela pesquisadora Maristela Santos que já confirmou uma economia de pelo menos 10% na conta de energia elétrica do SAAE, podendo chegar a 1 milhão de reais de economia aos cofres do município em um ano. “Podemos trabalhar em outras frentes como perdas de água e problemas de abastecimento”, comentou.

E contribuir com os municípios em ações de prevenção e alerta contra alagamentos é a proposta de uma pesquisa também apoiada pelo CeMEAI e coordenada por Jó Ueyama que resultou no e-Noé, uma rede de sensores sem fio para monitorar rios e córregos urbanos. O dispositivo já pode ser operado já foi testado com bons resultados nos córregos Monjolinho e Tijuco Preto que costumam transbordar.

Após a apresentação dos problemas, foram criadas seis equipes agrupadas por áreas de interesses comuns.

Todos os assuntos relacionados à Educação serão discutidos em um projeto paralelo, o EduS.Car, já em andamento e coordenado pelo professor Edgar Zanotto, do Centro de Pesquisa, Educação e Inovação em Vidros (CeRTEV) que também participou do workshop.

Os demais grupos reuniram-se com pesquisadores para trabalhar na discussão das primeiras ações e organizar a agenda de trabalho futuro.

Segundo o Secretário Tundisi, algumas aplicações já podem ocorrer em 2019. “A cidade necessitava desta iniciativa que irá usar o capital intelectual do município e toda a equipe da prefeitura. Esperamos que seja o começo de um processo contínuo que integrará ciência, tecnologia e políticas públicas na transformação social. Demos hoje um salto importante sobre o diagnóstico de problemas de várias áreas e ganhamos na aproximação com os pesquisadores, muitos deles, matemáticos. E sabemos que matemática e água são a base de tudo”, comentou.

O professor Maldonado opinou. “Em nome do ICMC, agradeço a todos que contribuíram neste primeiro workshop. Ressalto que essa aproximação é muito relevante para a academia! Pesquisar e desenvolver, conjuntamente, soluções para problemas relevantes em domínios de aplicação, com impacto social e econômico fazem parte de nossos objetivos”.

Mais informações:
Assessoria de Comunicação do CeMEAI: (16) 3373-6609
E-mail: contatocemeai@icmc.usp.br

Por Raquel Vieira – Comunicação CeMEAI

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